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O uso exclusivo de etanol é prejudicial para o veículo?

Publicado em 03/05/2019 por Redação

Nos automóveis Flex, utilizar somente etanol é prejudicial ao motor, ou a outras partes do veículo? É preciso sempre misturar um pouco de gasolina para “lubrificar” o sistema? Quem nunca ouviu uma ou várias dessas perguntas sobre a utilização exclusiva de etanol nos veículos? Ainda mais em um país como o Brasil, cuja frota de carros Flex chegou, em 2018, a 27.211 milhões de unidades, cerca de 62,7% do número total de veículos circulantes no país, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e da Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças).

Essas indagações, às vezes, podem soar como afirmações incontestáveis, entretanto, todo cuidado é pouco, pois elas podem ser alguns dos mitos e falácias que envolvem o uso do etanol nos carros. Para ajudar o proprietário de veículo a tomar a decisão mais acertada sobre o uso exclusivo do etanol, o Combustível Legal convidou dois especialistas para tirar dúvidas e esclarecer alguns desse mitos. São eles o especialista em combustíveis da Raízen, Gilberto Pose; e o consultor master da Petrobras Distribuidora, Antonio Alexandre Ferreira Correia.

Quais são as principais diferenças de desempenho e resposta do motor de um veículo quando da utilização do etanol e da gasolina, separadamente?

Gilberto Pose: nos veículos que possuem motor Flex, podemos ver, pelos dados do manual do proprietário, que o uso do etanol hidratado proporciona maior potência e torque em relação à gasolina. Isso ocorre porque o etanol possui maior octanagem em relação à gasolina, permitindo ao sistema eletrônico avançar a curva de ignição do motor, o que contribui para seu melhor desempenho.

Antonio Alexandre Ferreira Correia: com gasolina, o motor aquece mais rápido e o consumo do combustível, em km/l, é menor (quando comparado ao etanol). Além disso, o veículo fica mais lento, ou seja, perde em aceleração e retomada de velocidade. Com etanol, temos o contrário: o motor demora mais a aquecer, o consumo de combustível é maior (em comparação à gasolina), mas, em compensação, o carro fica mais rápido, isto é, acelera melhor e possui melhor retomada de velocidade.

A utilização somente do etanol é prejudicial para o motor ou para o veículo?

Gilberto Pose: a utilização exclusiva do etanol hidratado em um motor Flex não traz qualquer problema para o seu funcionamento e não causa danos ao sistema de alimentação de combustível. Nos motores Flex, todo o tratamento de revestimento das peças que ficam em contato com o combustível foi dimensionado para o etanol hidratado, que em comparação à gasolina tem maior impacto quanto à oxidação.

Antonio Alexandre Ferreira Correia: teoricamente não. O veículo Flex é projetado para funcionar com um combustível ou outro, misturados ou não, pelo período que for mais conveniente para o usuário.

É preciso sempre misturar um pouco de gasolina para “lubrificar” o sistema do motor?

Gilberto Pose: considerando os motores Flex, não há uma recomendação das montadoras quanto a essa necessidade. O etanol hidratado possui apenas dois carbonos em sua composição, contra uma variação de quatro a 12 na gasolina. Isso naturalmente reflete em sua menor lubricidade. Mas como o sistema de alimentação no motor Flex está dimensionado para o etanol hidratado, segundo as montadoras, não haveria a necessidade de uso alternado com a gasolina.

Existiriam benefícios para o carro, ou motor, quando da utilização somente do etanol por dias, semanas ou meses?

Gilberto Pose: uma vez que o tratamento interno nos motores Flex previne problemas quanto à oxidação, creio que os benefícios possam ser avaliados em termos da equação de preços entre o etanol e a gasolina versus o rendimento do motor com um ou outro combustível. Em um mesmo volume, o etanol hidratado conta com cerca de 30% menos poder energético que a gasolina. Por isso, o seu maior consumo em um motor Flex. Cada usuário deve, então, avaliar o melhor rendimento para o seu veículo com gasolina ou etanol, segundo as condições de tráfego, distância, cidade, ou rodovia, oferta dos combustíveis, etc.

Antonio Alexandre Ferreira Correia: não. Talvez, o único benefício seja uma menor carbonização do motor. A carbonização é uma espécie de “carvão” que vai se acumulando em camadas, em especial na cabeça do pistão e válvulas de admissão. Com o passar do tempo, essa camada vai prejudicando o desempenho do motor.

Exemplos de carbonização causadas no motor pelo uso de gasolina comum:

Exemplos de carbonização causadas no motor pelo uso de gasolina podium:

 

Quando nos referimos às peças do motor, ou do veículo, como o escapamento, por exemplo, existem danos que poderão ocorrer pelo uso excessivo do etanol?

Gilberto Pose: segundo as montadoras, os motores Flex recebem tratamento nas peças que ficam em contato com o combustível, considerando o uso majoritário de etanol hidratado, que é o produto com maior tendência de ataque oxidativo. Dessa forma, não devem ser esperados danos pelo uso exclusivo do etanol hidratado, mesmo no sistema de escapamento. Atualmente, já não observamos índices de corrosão nas extremidades, como ocorria antes do advento do motor Flex, em 2003.

Antonio Alexandre Ferreira Correia: o sistema de alimentação de combustível e os motores de veículos Flex são projetados para serem compatíveis e resistir ao uso tanto da gasolina quanto do etanol.

Diante da visão dos especialistas, alguns mitos sobre o uso exclusivo do etanol, como a maior predisposição à corrosão de determinadas partes do carro, caem por terra. Entretanto, independente do combustível que você utiliza, procure sempre abastecer em postos de confiança e siga sempre as orientações contidas no manual do fabricante do seu veículo.

Caso desconfie que o posto no qual está abastecendo pode estar fraudando o combustível, tanto com relação à qualidade, quanto à quantidade, denuncie aos órgãos competentes, incluindo o IPEM e o Procon do seu estado (confira os contatos nos links úteis do nosso site), além da ANPReclame Aqui e Proteste. E lembre-se sempre de pedir a nota fiscal do abastecimento, pois com ela, pode-se obter informações do estabelecimento, como nome e CNPJ, para realizar as denúncias.

Por Antonio Carlos Teixeira

 

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